Aconteceu nos dias 25 a 29 de Maio a VIII Semana de Educação da Faculdade Araguaia do Centro de Goiânia, que contou com a presença de vários professores da instituição e alunos dispostos a ampliar o seu conhecimento em diversas áreas profissionais. Além de palestras e apresentações de trabalhos, a VIII Semana de Educação teve também algumas oficinas que despertaram a atenção dos alunos e convidados participantes. E uma delas foi a oficina de Libras: comunicação, inclusão e mídia ministrado pela Prof.ª Mª. Edna Misseno.
Ministrada para mais de 25 ouvintes, a oficina de Libras contou com uma aula dinâmica e prática, com uma linguagem fácil e simples, para que o conteúdo passado fosse compreendido por todos os presentes. O objetivo da comunicação para a Língua Brasileira de Sinais é incluí-la nas mídias sociais. A primeira turma de estudantes de Libras no Brasil surgiu dia 24 de Abril de 2002 de acordo com a lei 10.436 e foi aprovada como um curso de graduação somente em 2008. A Faculdade Araguaia foi a primeira faculdade no estado de Goiás a adotar a disciplina de Libras como pós-graduação e que hoje também pode ser feita pelo Ensino à Distância.
Para conseguir entender a linguagem dos sinais é necessário ter atenção e memória visual, além de expressão facial-corporal e agilidade manual. E o surgimento do Ensino à Distância do curso de Libras veio para conseguir alcançar o maior número de pessoas, tanto aquelas que têm interesse, mas não têm condições de bancar tal curso, quanto aquelas que têm o interesse em ampliar o conhecimento e ajudar as pessoas.
Este foi o caso da Prof.ª Mª. Edna Misseno, que despertou o interesse pela língua de sinais através de uma amiga que não ouvia. Ela aprendeu a língua para poder se comunicar com a amiga e acabou criando uma paixão pela linguagem e por ajudar as pessoas. Ela se tornou voluntária em igrejas e escolas e fez parte da primeira turma de Libras quando a lei foi aprovada em 2002.
Em uma entrevista a Prof.ª Ms.Edna Misseno nos conta como a Libras entrou e fez parte da sua vida:
“Quando era criança eu tinha uma amiga surda e interagia com ela. Com 15 anos comecei a me interessar pela linguagem de sinais e quis aprender como funcionava tal língua. Na época por não haver tantos cursos, estudei sozinha e comecei a fazer trabalho voluntário. Eu não tinha a intenção de ser profissional e sim vontade de ajudar as pessoas. Mas as consequências vieram e hoje eu amo o que faço e ainda recebo por isso”, conta.
Edna Misseno falou ainda como está a acessibilidade para os surdos e como a comunicação influencia nisso.
“Há os voluntários que fazem esse trabalho de intermediação entre a comunicação e os surdos, mas com a regulamentação as coisas mudaram pois agora todos têm o direito a reclamar sobre a acessibilidade da língua de sinais. Com isso surgiu a necessidade de capacitar o Brasil para atender a essas pessoas. Colocando no ensino superior como disciplina e cursos gratuitos presenciais e em EAD, para atingir a grande demanda, já que existia uma carência de profissionais. E também como forma de incentivar as pessoas a se comunicarem e se profissionalizarem na Língua de Sinais”, explica.
Com o conhecimento da Libras o profissional terá mais oportunidades, uma vez que os atendimentos, prestação de serviços e as demais interações sociais ainda não contemplam totalmente o atendimento à pessoa surda. Compreender a importância e garantir o acesso e permanência de pessoas em condições diversas nas escolas implica novos conhecimentos e posturas. O acesso e a permanência de pessoas surdas nas escolas estão intrinsecamente ligados à língua de sinais, salvo em casos em que a tecnologia, como por exemplo, aparelho de amplificação sonora individual ou implante coclear são adotados, o que nem sempre é possível.
De acordo com o artigo 6º da Lei nº 12.319/2010, estas são as atribuições do tradutor e do intérprete de LIBRAS, no exercício de suas competências:
- I - Efetuar comunicação entre surdos e ouvintes, surdos e surdos, surdos e surdos-cegos, surdos-cegos e ouvintes, por meio da Libras para a língua oral e vice-
- II - Interpretar, em Língua Brasileira de Sinais - Língua Portuguesa, as atividades didático-pedagógicas e culturais desenvolvidas nas instituições de ensino nos níveis fundamental, médio e superior, de forma a viabilizar o acesso aos conteúdos curriculares;
- III - Atuar nos processos seletivos para cursos na instituição de ensino e nos concursos públicos;
- IV - Atuar no apoio à acessibilidade aos serviços e às atividades-fim das instituições de ensino e repartições públicas; e
- V - Prestar seus serviços em depoimentos em juízo, em órgãos administrativos ou policiais.
Como se pode observar, a contribuição do intérprete na inclusão dos surdos na sociedade se dá pelo fato dele ser mediador na comunicação destes com outras pessoas, inclusive entre os próprios surdos, pois nem todo surdo é usuário da língua de sinais brasileira. Pode ser que o surdo não seja brasileiro, consequentemente, ele terá outra língua de sinais. Há também o caso de alguns surdos oralizados, que preferem usar a voz, em parceria com a leitura labial, para se comunicar.
Mesmo com experiências pioneiras em desenvolvimento no Brasil, especialistas, autoridades e docentes reconhecem que ainda há dificuldades e falhas. Faltam experiência e, na maior parte do país, material adequado, salas de apoio e intérpretes. A maioria dos surdos só aprende Libras quando vai para escola e, até que se tornem fluentes no idioma, não entendem os intérpretes e podem perder o interesse. A recomendação de Edna a qualquer colega que receber um aluno surdo é que enfrente o desafio. "Para eles, a escola é ainda mais importante. Quando um deficiente auditivo aprende a escrever, vai ao médico sozinho e bota no papel: eu estou com dor de cabeça. O professor tem em mãos a grande chance de dar autonomia a uma pessoa", afirma.
Por: LETÍCIA FERNANDES
NATANAEL DIAS
RUSLAYRA PEIXOTO
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